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4 June 2012

Learning Zeitgeist: O Futuro Da Educação É Imediato, Multidisciplinar, Experimental, Emergente

As capacidades que hoje são mais valorizadas não estão próximas das capacidades que estão a ser desenvolvidas nas nossas organizações educativas, ano após ano, semana após semana, aula após aula, quando os estudantes são "inseridos" nas salas de aula, desligados entre si para preencher testes, amputados das próteses de pensar como telemóveis e as suas potencialidades intelectuais estão a ser limitadas a nada, ao exigir determinados resultados em vez de criatividade e imaginação.

Porquê?

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Crédito da imagem: Ints Vikmanis

Porque durante a vida de uma pessoa, existem três níveis na relação entre o indivíduo e o conhecimento :

1) O primeiro nível acontece quando um bebé nasce e inicia o processo de aprendizagem individual através da exploração. Em breve as limitações desta exploração exigem a procura de adultos que dizem à criança as coisas que esta é incapaz de explorar.

2) No segundo nível, a criança entra na escola, onde a aprendizagem experimental é gradualmente substituída pela aprendizagem através da informação. O trauma é deixar de aprender e aceitar ser ensinado.

3) Os que sobrevivem a esta dura tortura intelectual entram no nível três, que envolve a descolarização, aprender a aprender, experimentar e aprender a ser criativo, voltando de facto ao nível um.

Voltar ao início está no âmago da aprendizagem de toda a vida.


(Fonte: Seymour Papert)

É por isso que é tão difícil que alguém que é educado nos nossos sistemas educativos actuais se encontre, localize e compreenda o ecossistema em que está. É o sistema educativo que utilizamos que torna tão difícil que alguém entenda a realidade utilizando as ferramentas e meios que a tecnologia actual, ciência e educação sugerem como sendo as melhores.

"Um bom sistema educativo deve ter três propósitos:

a) deve dar a todos os que querem aprender acesso aos recursos disponíveis em qualquer altura nas suas vidas;

b) permitir que todos os que querem partilhar o que sabem encontrem os que querem aprender com eles; e, finalmente,

c) providenciar a todos os que querem apresentar um problema ao público a oportunidade de dar a conhecer o seu ponto de vista."


É pena, esta é a visão de Ivan Illich, escrita há mais de 50 anos. A realidade, no mundo de educação que vejo à minha volta, ainda está muito longe de pensar em questionar as suas premissas e métodos.

No estudo que se segue, Teemu Arina apresenta uma visão para o futuro do ensino e também dois interessantes conceitos dos quais poderá querer saber mais: Serendipic and Parasitic Learning.

Eis os detalhes:

 


Parasitic Learning and Other Observations of the Zeitgeist


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por Teemu Arina, CEO, Dicole Ltd.

"Os avant-garde são pessoas que não sabem exactamente onde querem ir, mas são os primeiros a chegar lá." - Romain Gary




A Nova Realidade


Hoje vivemos numa nova realidade: a realidade da média digital catalisada pelas novas formas de média social.

A digitalização pode ser caracterizada como avant-garde na nossa sociedade de hoje, à medida que os serviços digitais empurram os limites conhecidos dos meios de comunicação e relações internas.

A mudança nos modos de fazer e relacionar, exige novas arquitecturas participativas para entender a mudança da era da velocidade (industrialização e produção em massa) para a era real-time (digitalização e mass customization como afectadas pelas novas formas de processos sociais, ou seja, a Web 2.0). (Arina & Inkinen 2007)

Para um trabalhador industrial, a velocidade e repetição foram fundamentais.

Para um trabalhador conhecedor, novos modos de trabalhar são activados quando a cultura da velocidade é substituída por processos em tempo real e a repetição é complementada com a não-linearidade e aplicações contextuais adaptativas.

O knowledge work (Drucker) passa a rede de trabalho quando o nós se tornam menos importantes do que as próprias actividades de formação de redes.




Aprender Diferentemente


Olhando para aprendizagem de maneira diferente do ponto de vista das redes, uma abordagem holística, percebendo a aprendizagem como a formação de redes internas, dentro e fora dos indivíduos é necessária.

Connectivism, uma teoria de aprendizagem de George Siemens(2005) tem como objectivo descrever o que significa aprender hoje num ambiente em que os indivíduos excedem continuamente as suas capacidades mentais através de comunicação intensa nas redes digitais.

O espírito da época (Zeitgeist) pode ser descrito como uma mudança dos mass media tradicionais (o paradigma broadcast) para digital, novos media interactivos (o paradigma social media).

Diversos tipos de experiências, espectáculos e efeitos de cultura digital irão dominar a forma como interpretamos a realidade e nos empenhamos em várias actividades.

Deve ser notado que para além de serem ferramentas de comunicação e expressão, os media também são dispositivos de identidade que afectam a persona, visão do mundo e subjectividade de um indivíduo.

Diferentes tipos de experiências prolongadas irão inevitavelmente levar à expansão da esfera da publicidade dos media e identidade para tocar domínios que tenham sido previamente consideradas privadas. Isso já pode ser visto no desenvolvimento do tecido social à medida que as pessoas começam a gravar as experiências de cada um, colocá-las online e utilizar a Web como uma plataforma para ligar essas experiências.

O Big Brother é, neste caso, nós mesmos. (2007) (Arina & Inkinen 2007)

Num ambiente em mudança como este, temos de reflectir sobre o que significa hoje ser uma instituição educacional ou um aprendiz.

O nosso sistema educativo utilizou, com sucesso, modelos militares - e baseado em resultados -ADDIE (Analysis, Design, Development, Implementation, Evaluation) ou SDI (Systematic Design of Instruction) há décadas, mas que já não correspondem às necessidades da sociedade da rede aos conhecimento dos trabalhadores que trabalham em ambientes complexos e em constante mutação.

Em áreas onde o conhecimento está em constante mudança e o futuro é altamente imprevisível, fornecer meios com descrições do passado é a ferramenta errada para o presente.

A nova era exige habilidades de nível jedi para formação em rede baseada em processos.




Serendipic Learning


Serendipic learning pode ser vista como a aprendizagem que não se baseia em resultados, mas sim no processo.

Não há objectivos na aprendizagem ou currículo a seguir, sem salas de aula além dos lugares comuns (Oldenburg 1999) onde a pessoa se envolve, sem professores no seu centro a não ser quem o indivíduo escolhe que seja o professor e sem limitações a não ser as fronteiras unificadoras das comunidades virtuais.

Serendipity é sobre os acidentais - ou guiados - encontros de indivíduos em sistemas complexos, onde a dança de interacção entre os nós é que define o resultado.

Não existe nenhum organismo central delineando a interacção sobre a Web social descentralizada, mas existem muitos

no reino da educação.

Serendipic learning não está ainda numa relação directa com a educação, que deriva do verbo latino educere, que significa "para levar em frente", caracterizada pela presença de uma entidade mais entendida a liderar os alunos.

Isto está longe de tais organismos simbióticos que precisam uns dos outros - e assim tenho de reflectir - precisamos reconhecer que os alunos SÃO o potencial inexplorado nas instituições educacionais para a inovação e criatividade.

As nossas escolas não conseguiram mudar suficientemente rápido entre as transmissões conhecimento top-down para instituições de apoio ao ensino que abrem as portas para novas percepções.

Uma transformação importante é afastar-se da aprendizagem just-in-case para a aprendizagem just-in-time ao:

a) saber como procurar diferentes pontos de vista e não apenas saber uma resposta específica,

b) saber tirar partido do trabalho dos outros, em vez de sobre ele e

C) criar capital social, para além de capital humano.

Parasitic learners operaram num ecossistema de aprendizagem multi-dimensional policrónica (muitas coisas de uma só vez), em vez de um ambiente de aprendizagem de sequência linear monocrónica (uma coisa de cada vez).




Monochronic Learning vs. Polychronic Learning


Uma coisa de cada vez vs. Múltiplas coisas de uma só vez

Aderir a planos vs Adaptar ao ambiente

Linearidade vs. Não-Linearidade

Compromisso a tarefas vs. Compromisso a relacionamentos

Repetição e memorização vs. Resolução de problemas e criatividade

Procura da forma correcta de fazer as coisas vs. Reconhecer vários caminhos

Muitas vezes fora do contexto vs. Altamente contextual

Abordagem concebida vs Abordagem emergente

Comunicação síncrona vs comunicação assíncrona

VLE/LMS vs. Software social/PLE

Tecnologia da informação vs. Tecnologia de interacção

Seleccionar ferramentas baseadas em design vs. Selecção de ferramentas baseadas em processo

Foco em resultados vs. Foco em processo

As capacidades que são hoje mais valorizadas não estão nem perto das capacidades que estão a ser desenvolvidas nas nossas organizações educativas ano após ano, semana após semana, aula após aula, quando os estudantes são metidos nas salas de aula, desligados entre si para preencher testes, amputados das próteses de pensar como telemóveis e as suas potencialidades intelectuais estão a ser limitadas a nada ao exigir determinados resultados em vez de criatividade e imaginação.

Deve ser referenciado neste contexto que há cada vez mais oportunidades para que os indivíduos curiosos contornem intermediários como professores e instituições educacionais para aprender eficazmente.

No centro desta mudança estão as tecnologias de interacção social.

Estes ferramentas descentralizadas e generalizadas não são controladas por instituições formais mas sim pelos próprios alunos.

Para proporcionar uma observação, não precisamos necessariamente do acordo formal entre um determinado aluno e um determinado professor para entrar numa relação de ensino e aprendizagem em cada domínio.

Cada vez mais os alunos terão vantagens com os professores, tal como os parasitas que se aproveitam sem o conhecimento do seu hospedeiro.




Parasitic Learning


Eu chamo a isso parasitic learning, pois os alunos utilizam professores da Web sem o conhecimento ou consenso do hospedeiro.

Esta tendência desta relação inversa de aluno-professor de professor-push para aluno-pull é, em grande parte, impulsionado pelos social media digitais e tecnologias de interacção, permitindo que as pessoas se encontrem, liguem, reúnam, interajam e saiam sem contratos formais.

Como exemplo, no site de partilha de vídeo social YouTube, uma banda Web chamada ClipBandits foi formada por três indivíduos sem um consenso formal. Dois membros apenas faziam jam sobre as gravação de vídeo do outro e o vídeo final incluía um terceiro que fazia jam em cima das outras duas, vendo os dois outros clips em segundo plano. De repente, até eu posso participar na banda como baterista, embora não conheça nenhuma destas pessoas.

Tudo o que temos é um objecto musical social partilhado como ligação, que está enquadrado com interacção. Dadas as mecânicas de distribuição disponíveis oferecidas por redes peer-to-peer e serviços gratuitos da Web, esta banda formada expontaneamente nem sequer precisa de uma editora para obter uma audiência para a sua criação.

Metaforicamente, parasitic learning pode ser contrastado com o baterista de uma banda que necessariamente não sabe ou concorda que você seja parte da banda.




Fases de Aprendizagem


Seymour Papert (1980) simplifica que existem três níveis na relação entre o indivíduo e o conhecimento durante a vida de uma pessoa:

1) O primeiro nível acontece quando um bebé nasce e inicia o processo de aprendizagem individual através da exploração. Em breve as limitações desta exploração exige a procura de adultos que dizem à criança as coisas que é incapaz de explorar.

2) No segundo nível, a criança entra na escola, onde a aprendizagem experimental é gradualmente substituída pela aprendizagem através da informação. O trauma é deixar de aprender e aceitar ser

ensinado.

3) Os que sobrevivem a esta dura tortura intelectual entram no nível três, que envolve a descolarização, aprender a aprender, experimentar e aprender a ser criativo, voltando de facto ao nível um.

Voltar ao início está no âmago da aprendizagem de toda a vida.

Os níveis estão a mudar, com o poder que os computadores são capazes de proporcionar às crianças na zona de desenvolvimento proximal (Vygotsky 1978).

As tecnologias sociais permitem às pessoas procurarem informação, conhecimento e pessoas anteriormente inacessíveis offline, superando quaisquer intermediários como escolas, mensageiros, agências de viagens e media outlets para lá chegar.

A Web está a tornar-se no maior centro de convergência de seres humanos.

Em 1971 Ivan Illich lançou o seu marcante livro, intitulado Deschooling Society. Coincidentemente, um capítulo no livro intitulado "Learning Webs" reflecte o espírito da época:

"Um bom sistema educativo deve ter três propósitos:

a) deve dar a todos os que querem aprender acesso aos recursos disponíveis em qualquer altura nas suas vidas;

b) permitir que todos os que querem partilhar o que sabem encontrem os que querem aprender com eles; e, finalmente,

c) providenciar a todos os que querem apresentar um problema ao público a oportunidade de dar a conhecer o seu ponto de vista."


A Web está a tornar-se no suporte que liga aqueles que querem aprender com aqueles que querem partilhar.




Custos Mais Baixos De Entrada Para Aprender e Partilhar

Esta evolução é ainda mais alimentada por tecnologias sociais como wikis e blogs, que permitem custos de entrada mais baixos para a população geral aprender e partilhar ideias.

David Weinberger afirmou que pela primeira vez na história humana que podemos escapar às limitações físicas da comunicação humana.

Por outro lado, a Lei de Metcalfe estabelece que o valor de um sistema de comunicação cresce exponencialmente de cada vez que adiciona utilizadores.

Em 1937 o economista britânico Ronald Coase delineou a teoria dos custos de transacção para descrever um quadro teórico para prever quando determinadas tarefas económicas seriam realizadas por empresas e quando seriam realizadas no mercado.

Do mesmo modo, a teoria do custo da transacção pode ser usada para descrever quando é que a educação seria realizada pelas escolas e quando é que a aprendizagem iria surgir em redes descentralizadas abertas.




Como Aprendem As Pessoas Na Era Da Interacção


As pessoas aprendem melhor a partir de pedaços de informação fragmentada, como a Web de hiperligações não-linear, em vez de narrativas lineares.

Fragmentação e sobrecarga de informação leva a resultados positivos, como limiares de reconhecimento padrão mais baixos (McLuhan) e, como tal, temos de passar de medias com base em texto para ambientes multimodais e multimédia, sublinhando até experiências sintéticas como sinestesia.

Isso já pode ser visto em serviços interactivos como o Facebook, onde comunicação humana torna-se cada vez mais visual.

Não só está a nossa troca de símbolos mais rica, mas também para lidar com complexidade esticámos a nossa atenção ao seu limite - algo que Linda Stone chama de atenção parcial contínua - como lutamos para prestar atenção a várias coisas ao mesmo tempo.

Deve ser salientado que a tecnologia por si só não modifica o mundo ou a realidade social, mas ao estar ligada a diferentes formas culturais e processos sociais que afectam as forças que constroem identidades e moldam personalidades.

A linha de produção industrial de tecnologia existia muito antes de ter sido fundida com a gestão científica por Frederick Taylor e na lógica de linha de montagem por Henry Ford, ligando finalmente as pessoas com a tecnologia.

O mesmo pode ser dito sobre a Web 2.0, a tecnologia da Internet tem que se misturar com novas formas de processos sociais para se tornar eficaz.

A importância da interacção (como uma mudança do paradigma tradicional de broadcast para o paradigma de media social interactiva ) foi sublinhada na nova media contextos e discussões.

Pontos de interactividade para criar informações, significados, experiências, identidades ou mesmo novas expressões culturais em conjunto. (2007) (Arina & Inkinen 2007)




O Surgimento de Uma Economia Real-Time


Talvez o que seja ainda mais importante é que estamos a assistir ao surgimento de uma economia em tempo real, onde processos transicionais em tempo real satisfazem os social media.

Esta é a continuação da era da informação, como descrito por Marshall McLuhan como uma era de tudo-em-um.

O espaço e tempo são superados pela televisão, jactos e redes de computador.

Em tal mundo tudo-em-um, processos de pensamento lineares, de causa-efeito dão lugar a uma consciência integrante descontínua e a não-linearidade, de modo a que os pontos de vista, objectivos de especialistas, horários lineares, turnos e modelos de broadcast são superados por uma acção de sensibilização global do mosaico do mundo como uma sociedade retribalizada.

Os Processos terão as características de um piscar de olho, em vez da velocidade da luz.

De maneira diferente, a economia em tempo real é sobre o escapar da era de velocidade, ligando contexto com o tempo, como era antes da era industrial, dando tempo à reflexão, produção entre pares e tomada de decisões colectiva.

Quando passamos à era do tempo real, vemos que os sistemas tempo real permitem igualmente novos paradigmas caracterizados por processos emergentes que não são em real-time. Um bom exemplo disso é a mudança de radiodifusão para podcasting on-demand, em que passamos de real-time para o my-time.

Os utilizadores de hoje em dia estão tão ocupados com as suas vidas não-lineares que captar a sua atenção em tempo real é cada vez mais difícil.

Regras de atenção parcial contínua na sociedade em tempo real, não-linear. No entanto, os processos em tempo real permitidos pela Internet apoiam os que vivem no espírito da era, libertando-os da tirania do tempo.

A Web tornou-se um híbrido entre my-time e real-time, revelando novas dimensões para a evolução humana, como já descrevi noutros lugares, como homo contextus (homem como conhecedor de padrões sensíveis ao contexto em rede).

Para concluir, o compositor Richard Wagner (1813-83), definiu a abordagem Gesamtkunstwerk como a ideia de uma grande obra de arte agitando e combinando diferentes sentidos. Pode ser visto que a interacção entre os digital media, social media e estruturas conceptuais como a Web 2.0 no contexto de uma significativa mudança paradigmática em tempo real da economia é, de certa forma, o Gesamtkunstwerk do nosso tempo (Arina & Inkinen 2007) .

O tecido da nossa tela de aprendizagem não será a mesma depois desta transformação semiótica.

Teemu Arina -
Reference: Dicole
 
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