english   italiano   español
 
4 June 2012
  • Imprimir   | EN| ES

    Aprendizagem Independente: Novas Perspectivas Para A Educação Da Geração Net

    Uma nova geração de estudantes, nascidos com a Internet, começou a entrar no sistema escolar global, com um conjunto de traços distintivos e interesses educativos únicos, representando um verdadeiro desafio às instituições educativas existentes.

    student_net_generation.jpg
    Crédito da Imagem: piksel

    De facto os estudantes da 'geração Internet' chegam ao sistema educativo com um forte desejo de saber e compreender, frequentemente potenciado pela anterior exposição à Internet e às experiências pessoais de auto-descoberta, procura pessoal e pensamento crítico que a Web lhes ofereceu.

    Esta é uma geração voltada para os objectivos, cautelosa, de estudantes pragmáticos que se preocupam honestamente sobre a sua educação, de formas que não vimos acontecer em gerações anteriores.

    "Tendo sido criados numa altura de saturação de meios de comunicação e com grande acesso às tecnologias digitais, a geração net tem formas distintas de pensar, comunicar e aprender (Oblinger e Oblinger 2005..."

    Estes estudantes esperam que os seus mentores usem abordagens educacionais eficazes. Detestam as tradicionais aulas num só sentido e exigem trabalhos de grupo interessantes, interactivos e projectos de pesquisa altamente estimulantes.

    "O que eles querem são "oportunidades de aprendizagem auto-direccionadas, ambientes interactivos, várias formas de feedback e tarefas que utilizem diferentes recursos para criar experiências de aprendizagem com significado... uma aproximação ao ensino mais prática, baseada em questões..

    A geração Net não está disposta a absorver o que lhes é posto à frente apenas porque é um professor ou perito no assunto. A geração Net quer entender, desafiar, dissecar e realmente "experimentar" a natureza do assunto em estudo.

    Como podem as instituições de educação, professores e académicos responder a este fantástico desafio sem perderem a sua credibilidade no processo?

    Kassandra Barnes, Raymond C. Marateo e Sharmila Pixy Ferris fizeram uma excelente pesquisa para o ajudar a responder a esta difícil questão. Continue a ler:

     

    O Ensino e a Aprendizagem com a Geração da Internet


    por Kassandra Barnes, Raymond C. Marateo e Sharmila Pixy Ferris

    Há uma década atrás, a primeira vaga da geração Net começou a entrar na faculdade, obrigando a que as instituições educativas lidassem com uma nova população de alunos com características diferentes. Com a Geração Net a representar perto de 7% da população actual (Bartlett 2005) e com cerca de 49.5 milhões de estudantes matriculados em escolas em 2003 (Enrollment Management Report 2005), responder às necessidades específicas desta geração de aprendizes é cada vez mais importante.

    O desafio de envolver a pedagogia para responder às necessidades dos estudantes conhecedores da Net é intimidante, mas os educadores são auxiliados pelo facto desta geração valorizar a educação.

    Estes estudantes aprendem de uma forma diferente da dos seus predecessores mas querem aprender. Neste artigo iremos definir as características dos estilos de aprendizagem da geração Net e discutir como é que os educadores podem aproveitar melhor estes traços diferenciadores.




    A Geração Net Quer Aprender...


    net_generation_wants_to_learn.jpg

    Uma das maiores características desta geração é a sua orientação para a educação. A pressão educativa começa cedo para os que pertencem à geração Net; objectivos direccionados para a faculdade ganham proeminência desde o primeiro ano de liceu. A geração Net defende que os seus esforços no liceu são um reflexo directo do tipo de faculdade onde planeiam entrar. Gerações anteriores geralmente aceitam como verdade os estereótipos de adolescentes obcecados com roupa, relações e amigos.

    De facto, a maioria dos adolescentes sentem-se presos pelos interesses competitivos de dominar os trabalhos escolares e socializar com os seus amigos. No entanto, muitos pais de alunos da geração Net afirmam que os seus filhos estão a dedicar mais tempo a fazer trabalhos escolares em vez de em actividades sociais (Whitney-Vernon 2004) e o relatório de 2004 da Trendscan indica que os alunos da geração Net entre as idades de 12-24 estão a poupar para as propinas da faculdade (Marketing Magazine 2005).

    Um estudo a 100 000 adolescentes canadianos refere que os adolescentes têm uma maior preocupação com a educação do que os adultos do estudo esperavam. O relatório conclui que muitos adolescentes estão tão preocupados com a escola e carreiras secundárias que "as noites de Sábado são para os trabalhos de casa" (Whitney-Vernon 2004, 4). Esta geração é extremamente direccionada para objectivos, e atingir os objectivos das suas carreiras assegura uma boa educação.

    Felizmente para os educadores, os objectivos dos alunos da geração Net não mudam na faculdade. De muitos se espera que sacrifiquem os fins de semana para estudar, levando a sério as consequências das más notas, e que assistam às aulas regularmente. Mesmo que seja apenas para garantir sucesso futuro nas carreiras escolhidas, os alunos da geração Net, como um todo, querem sair-se bem na faculdade.




    . . . Mas os Alunos da Geração Net Aprendem de Forma Diferente


    net_generation_learns_differently.jpg

    Embora valorizem a educação, os alunos da geração Net aprendem de forma diferente dos seus predecessores. Esta geração é única pois é a primeira a crescer com tecnologias digitais.

    Não só os alunos da geração Net têm mais cultura no uso das tecnologias como estão saturados por elas. Quando ele ou ela tiver 21 anos, o alunos da geração Net terá gasto:

    • 10 000 horas a jogar vídeo jogos,


    • 200 000 e-mails,


    • 20 000 horas a ver TV,


    • 10 000 no telemóvel e


    • menos de 5 000 horas a ler (Bonamici et al. 2005).

    Tendo sido criado numa era de saturação de meios de comunicação e acesso facilitado às tecnologias digitais, os alunos da geração Net têm formas distintas de pensar, comunicar e aprender (Oblinger e Oblinger 2005; Prensky 2006; Tapscott 1998).




    Independência, Autonomia e Aprendizagem


    Os alunos da geração Net voltam-se para a independência e autonomia nos seus estilos de aprendizagem, o que influencia um grande conjunto de escolhas educacionais e comportamentos, desde "que tipo de educação adquirem" até "o quê, onde e como aprendem" (Carlson 2005). Isto torna os alunos da geração Net em pesquisadores de informação mais assertivos e molda a forma como aceitam o ensino na sala de aula.

    Estes estudantes fazem escolhas conscientes sobre que técnicas de ensino são melhores para eles, que podem ser a leitura de notas on-line, ver apresentações interactivas multimédia tais como apresentações PowerPoint ou imagens digitais ou trabalhar em grupo.

    Tal avaliação é apoiada pelos pedagogos e estudantes, cujos resultados, entre os alunos da geração Net, indicam um maior desejo para aprendizagem activa e experiências absorventes. Oblinger e Hagner indicam que os estudantes da Era Digital expressam uma necessidade por formas mais variadas de comunicação e dizem-se facilmente aborrecidos com métodos de aprendizagem tradicionais.

    Glenn (2000) nota que os alunos da geração Net necessitam de oportunidades de aprendizagem direccionadas, ambientes interactivos, formas múltiplas de avaliação e escolhas de tarefa que usem recursos diferentes para criar experiências de aprendizagem pessoalmente gratificantes, enquanto que Hay (2000) apoia que os alunos da geração Net querem mais prática, aproximações baseadas em questões para aprender e estão menos dispostos a absorver simplesmente o que é posto à sua frente.

    O que explica estas alterações nos estilos de aprendizagem?

    Tapscott afirma que este estilo de aprendizagem mais independente afastou-se dos hábitos enraizados da busca e recolha de informação da Internet, marcando um contraste notável em relação às gerações anteriores de estudantes que tendiam a adquirir informação de forma mais passiva a partir de fontes de referência.

    Porém, outros pedagogos contestam a pressão para reformar o ensino superior para satisfazer expectativas dos estudantes da Era Digital. Naomi Baron, por exemplo, afirma que o movimento para incorporar tecnologia, reduzir os tempos de aulas e a reforma das tarefas para cativar os impacientes estudantes da Era Digital apenas fomenta a falta de disciplina. Para Baron, "em certa altura, o que fazemos é destruir a educação superior" (citação em Carlson 2005, "Not So Different?"). As observações de Baron podem ter um pouco de mérito.

    O ensino superior nos Estados Unidos tem uma tradição democrática respeitada, desenvolvida por mais de dois séculos de prática; ao contrário de muitas instituições semelhantes noutros países, as universidades no EUA (relativamente) corresponderam aos novos desenvolvimentos e comprometeram-se a responder às necessidades variáveis dos estudantes.

    Embora a educação possa ser alterada e até melhorada ao incorporar um maior autonomia na aprendizagem, o sistema educativo pode ser mal apoiado ao apressar-se na satisfação das necessidades dos estudantes da Era Digital.

    Embora sejam os utilizadores frequentes das ferramentas electrónicas, faltam, frequentemente, aos estudantes da Era Digital, capacidades de análise da informação e as suas capacidades de pensamento crítico são geralmente fracas (Oblinger e Oblinger 2005). Podem ser nativos digitais, mas não compreendem necessariamente como é que o uso da tecnologia afecta as suas capacidades de literacia ou hábitos de aprendizagem. Para os pedagogos, dar as capacidades tecnológicas necessárias para interessar os alunos da geração Net poderá não ser tão eficaz ou importante quanto o aumento da compreensão da informação e capacidade de pensamento crítico.

    Na mesma linha, os pedagogos podem não servir os seus alunos convenientemente ao satisfazer outra necessidade típica dos alunos da geração Net: a sua preferência para o imediato. O uso da Internet pelos alunos da geração Net a para acesso imediato à informação fê-los esperar por respostas imediatas. Esta condição tornou-os num todo, menos capazes de aceitar atrasos nas gratificações de ensino, tanto na sala de aula como fora dela.

    Hay (2000) dá uma história que mostra estes dois pontos. Numa sala de aula de uma escola primária na Austrália, durante uma aula uma das crianças perguntou "O que é que os cangurus comem?" O professor, admitindo que não sabia e assegurando aos alunos que lhes iria dar a resposta mais tarde, foi confrontada com as palavras de um aluno para encontrar a resposta on-line "num instante". Os professores acham difícil resistir a este desejo às respostas imediatas no frente-a-frente das salas de aula.

    Muitas instituições estão a tentar ligar os alunos da Era Digital com as práticas clássicas através da tecnologia e, um número substancial de universidades (mais de 150, segundo Carnivale e Young 2006), actualmente exigem que os alunos comprem computadores portáteis. Esta estratégia pode, sem dúvida, beneficiar os alunos da geração Net, dando-lhes o acesso à Internet que desejam.

    Alguns pedagogos preocupam-se que estes meios possam funcionar contra o ensino, pois competem com a Internet, mensagens instantâneas e vídeo jogos, pela atenção dos alunos durante as aulas (Carnivale 2006). Porém, tais preocupações podem ser uma função das convicções e suposições dos pedagogos sobre o ensino, criadas através dos seus estilos de aprendizagem, em vez de uma reflexão dos hábitos e crenças da Geração Net

    O famoso pedagogo Seymour Papert mostrou durante muitos anos que os computadores e a tecnologia podem ser ferramentas pedagógicas poderosas, mas o seu potencial não é totalmente explorado por pedagogos que os usam como ferramentas isoladas, afastados dos processos e da vida e aprendizagem dos estudantes (Papert 1993). Para os alunos da geração Net, que "cresceram digitalmente," a interacção social e a estrutura da sala de aula é mais importante do que as potenciais distracções da Internet.

    Isto é bem articulado por Ben McNeely (2005), ele mesmo um membro da geração Net, que diz que os estudantes da sua geração "gostam da interacção social criada por estar na sala de aula com os seus colegas" (44). Para eles, deduz McNeely, "as relações são uma força motriz no processo de aprendizagem e aprender através de interacção social é importante" (2005, 44).

    McNeely cita Arman Assa, um estudante da MBA e presidente do Mac Users Group da Universidade do Estado da Carolina do Norte, que diz que a tecnologia numa aula não é má para a sala de aula; pelo contrário, deve "simplesmente aumentar o que está lá" em termos de interacção, ensino e aprendizagem (2005, 45). Esta discussão sugere que os pedagogos podem melhor servir as necessidades dos alunos da geração Net e atingir os objectivos do ensino modificando pedagogias para se adaptarem às necessidades de independência e autonomia dos alunos.




    Media, Multitarefas e Aprendizagem


    net_generation_multimedia.jpg

    O permanente uso da tecnologia, pelos alunos da geração Net, em vários formatos diferentes realça outra característica notável do seu estilo de aprendizagem. A multi-tarefa é uma parte integrante do estilo de vida da Geração Net (Oser 2005). Conforme apontado por um importante estudo, os alunos da geração Net entre os 8 e 18 referem utilizar vários media ao mesmo tempo, utilizando computadores e a Internet ao mesmo tempo que videojogos, media impressa, música e telefone. Outro estudo revelou que os alunos da geração Net mais jovens (entre os 6-14) compactam 8.5 horas de utilização de media em apenas 6.

    Acostumados a múltiplos estímulos, os alunos da geração Net referem estar aborrecidos da sala de aula tradicional, mesmo quando os pedagogos mais antigos criticam a pouca duração da atenção dos alunos. Baron explica que

    os estudantes têm um tempo de atenção muito curto, em parte por causa dos media que nós, como professores e pais, encorajamos a que eles dediquem o seu tempo e em parte porque nós não lhes ensinamos a ter uma maior atenção. (citado em Carlson 2005, "Millennials and 'Me'")

    Os alunos da geração Net, no entanto, geralmente não aceitam a noção de que o problema é falta de atenção. Defendem eles que a falta de tempo os obriga a fazer várias coisas. É importante que os pedagogos entendam que, pelo menos à vezes, quando os alunos da geração Net se queixam sobre a inutilidade de um assunto em particular, não estão a mostrar desinteresse.

    Pelo contrário, o conjunto de actividades que requerem tempo e atenção pelos jovens pode torná-los menos pacientes com lições que não se referem directamente às suas carreiras escolhidas. A multi-tarefa, defendem os alunos da geração Net, apenas os ajuda a ter as coisas feitas. Seja qual for a motivação, os pedagogos têm que aceitar que a multi-tarefa é uma forma de vida para muitos dos estudantes de hoje.

    Baron sustenta que os pedagogos têm uma responsabilidade crucial para este problema. Ao tentar acomodar os estilos de aprendizagem da geração Net, os educadores muitas vezes encorajam os seus estudantes a usar vários media nos seus trabalhos, falhando no ensino dos importantes benefícios de abrandar, focar e observar os materiais profundamente.

    Como resultado, defende, os educadores estão a desistir de uma lição fundamental: ensinar os estudantes a pensar por eles próprios e comunicar as suas ideias claramente. "Nós dissemos, 'Nós queremos ouvir o que vocês têm a dizer, a vossas opiniões importam, nada do que vocês possam dizer está errado - nós só podemos apenas adicionar mais a isto,'" diz Baron. "Há uma suposição crescente de que o que interessa é a forma como você se expressa, não se alguém entendeu o que você transmitiu" (citado em Carlson 2005, "Millennials and 'Me'").

    Embora apelando às qualidades media dos estudantes da geração Net possa obter vantagens a curto prazo em relação à aumento da dedicação dos estudantes, tal alteração serve muitas vezes os estudantes que procuram completar o trabalho com um mínimo de esforço. O dilema neste caso nasce das estratégias pedagógicas que reúnam eficazmente o conhecimento com a mera gestão do conhecimento, falhando em conseguir o verdadeiro potencial positivo da orientação dos alunos da geração Net em relação ao ensino.

    Entretanto, as práticas da sala de aula concebidas para acomodar os estilos de aprendizagem emergentes estão a ganhar peso nos níveis superiores. Pedagogos em todo o país estão cada vez mais a fazer com que as aulas tradicionais tendam a ser aulas participadas permitindo uma maior expressão individual. O uso de trabalho de equipa e confiança na aprendizagem experimental tornaram-se na norma em vez de na excepção nas salas de aula de hoje.

    As universidades encorajam o ensino secundário a combinar o formato tradicional das aulas com técnicas que exigem interacção imediata com os estudantes. Materiais de promoção para o secundário e universidades mostram esta tendência; uma nova campanha de marketing na nossa universidade (Universidade William Paterson), por exemplo, usa placares e posters com um estudante a afirmar, "Acredito em aulas, não em sermões."

    O lugar proeminente do termo "literacia de informação" em conversas sobre pedagogia é um outro exemplo desta mudança de atenção (National Education Association 2005). Evidentemente, as universidades pretendem atrair os estudantes acomodando as suas percepções como estudantes que adquirem informação desenvolvendo as suas próprias questões, avaliando continuamente as fontes e reunindo provas para defender as suas respostas (Howard 2006).

    À luz dos benefícios que podem ser originados por acomodar os estilos de aprendizagem dos alunos da geração Net, os pedagogos devem formular estratégias que sejam intermediárias com os alunos, evitando as armadilhas pedagógicas, assinaladas por Baron e outros críticos. A boa notícias é que ao longo da última década, os pedagogos começaram a ir em direcção ao desenvolvimento dessas novas pedagogias, frequentemente adaptando estratégias de ensino tradicionais para tirar partido das tecnologias para atrair os alunos da geração Net.

    Os WebQuests, por exemplo, usam a Internet para promover o desenvolvimento de um "pensamento de alto nível" e "desenvolver capacidades de pequenos grupos em aprendizagem colaborativa" (Zheng 2005, 55). Criada por Bernie Dodge e Tom March em 1995, o WebQuest é caracterizada pelo que Dodge (2001) chama de pensamento profundo que envolve a construção de novo conhecimento através de um processo de pensamento crítico. As WebQuests não só são fáceis de utilizar pelos instrutores mas também são bem sucedidas em atrair os alunos da geração Net. (Mais informação sobre a utilização de WebQuests pode ser encontrada nas notícias WebQuest).

    As WebQuests são um exemplo de "aprender fazendo", um estilo de ensino que muitos dizem caracterizar a Geração Net (McNeely 2005; Prensky 2006; Shutt n.d.). Várias características dos alunos da geração Net discutidas neste artigo, como o seu consistente multitasking, necessidade de gratificação imediata e necessidade de independência e envolvimento no processo de aprendizagem, pode ser aproveitado pelo uso de estratégias pedagógicas que realcem a aprendizagem através da tecnologia.

    Um exemplo é o uso dos blogues, há muito um alicerce na vida dos alunos da geração Net, nas salas de aula. Darren Kuropatwa descreve o uso de blogues na sua aula da faculdade. A sua tarefa requer que os alunos ajam como escribas, gravando o que é aprendido em cada dia:

    "Escreva um breve resumo do que aprendemos hoje na aula. Inclua detalhes suficientes para quem tenha estado doente ou faltado por qualquer razão, possa acompanhar o que perdeu. Ao longo da disciplina neste semestre, as submissões dos escribas serão reunidas no caderno para a disciplina, escrito por e para estudantes. Lembrem-se disso de cada vez que escrevem entradas.

    Pergunte a sim mesmo: "Isto é suficientemente bom para o meu caderno? Será que um gráfico ou outro(s) exemplo(s) ajudariam a mostrar melhor o que aprendemos? E lembrem-se, tem uma audiência global, impressione-os."

    (Darren Kuropatwa, "Harnessing the Power of Pedagogy")


    A tarefa começa com um voluntário que depois escolhe o próximo escriba; o papel do instrutor é o de apenas actualizar diariamente uma entrada chamada "The Scribe List". Esta tarefa tem muito sucesso, de acordo com Kuropatwa, cativando os estudantes na aprendizagem através de vários mecanismos diferentes. Definitivamente tem sucesso, pois usar blogues desta forma não só une os estudantes através da Internet, mas também se baseia nas suas atenções sociais e relacionais.

    Um uso relacionado da tecnologia para acomodar o estilo de aprendizagem dos alunos da Geração Net é o das wikis. Wikis ou sítios de edição aberta são tão parte da paisagem de ensino da Geração Net como os blogues. Os pedagogos estão cada vez mais a usar as wikis como espaços de escrita colaborativa. Por exemplo, Teresa Dobson da Universidade da British Columbia usa um espaço wiki num curso de tecnologias como um suporte para experiências colaborativas em composição e como um "assistente de reflexão sobre a natureza da escrita e leitura on-line" (Lamb 2004, 3).

    Isto mostra um uso dos wikis, que podem também ser usados "para mudar a cultura individualista da instrução tradicional para uma de colaboração e uma construção de conhecimento partilhada" (Ferris e Wilder 2006, "Teaching and Learning with Wikis,"). Como Ferris e Wilder apontam, o uso de wikis como uma ferramenta de escrita colaborativa permite aos estudantes aprender sobre criatividade, pertença e copyright no contexto de tecnologia.

    Enquanto que as WebQuests, blogues e wikis usam a Internet, outros recursos multimédia podem também interessar aos alunos da geração Net. O cada vez mais popular YouTube oferece um modelo para um membro da faculdade que utiliza o contar de histórias como uma ferramenta de ensino. Melda Yildiz, da Universidade William Paterson, tem estudantes num curso de formação de formadores a produzir documentários em vídeo e mostra os projectos em vídeo como forma de reunir os estudantes em considerações sobre multi-culturalismo, abertura a diferentes perspectivas da história e uso de multimédia.

    Estes exemplos demonstram as formas nas quais os educadores podem usar a tecnologia e multimédia de formas apropriadas para incorporar actividades de aprendizagem autónomas, assegurando que tempo suficiente é dedicado à reunião de literacia de informação e capacidades de pensamento crítico de alto nível.



    Interactividade Social e Aprendizagem


    net_generation_social_interaction.jpg

    Para alunos da geração Net, a aprendizagem é um meio para atingir as ambições profissionais. Ao mesmo tempo, a Internet é uma ferramenta para ensino e uma parte essencial da vida social. A distinção entre as ferramentas de Internet para diversão e trabalho é, então, difusa. Numa análise dos alunos entre os 19-25 anos, McMillan e Morrison (2006) descobriram que a Internet aparecia destacada na vida diária destes jovens.

    O crescimento fenomenal dos sítios Web de rede social como o Facebook e MySpace mexeram no passatempo favorito desta geração. Facebook, que tem 250 milhões de visitas diárias, ocupa a nona posição no tráfego da Internet, é baseado nas universidades, permitindo aos alunos de toda a nação reunir-se não só para estudar mas também para saber onde vai ser a próxima festa. Muitos estudantes consideram este tipo de rede social tão importante, que muitos deles se registam antes mesmo de começar o seu primeiro ano (Market Wire 2006).

    Para chegar à Geração Net com maior eficácia, os pedagogos têm que devisar estratégias que tirem partido das capacidades de rede social que os estudantes exibem fora das aulas. Por exemplo, a biblioteca da faculdade de Brooklin tem agora uma página do MySpace que o pessoal pode usar para comunicar com os estudantes, incluindo anúncios sobre eventos, workshops e oportunidades de emprego (Carlson 2006).

    Embora criativo e bem intencionado, tais esforços têm pouco valor pedagógico se não convidarem os estudantes a pensar de forma diferente sobre o uso da Internet e, especificamente, como desencoraja concentração prolongada em muitos contextos. Para este fim, Michael Kearns, um professor de ciências da computação e informação na Universidade da Pensilvânia, usa o Facebook para ensinar conceitos de rede social, demonstrando uma apropriação do estilo de vida dos alunos da geração Net para obter pensamento crítico dos seus estudantes.

    Na sua disciplina, The Networked Life, que foca os aspectos sociais das redes de computadores, os estudantes criam os seus próprios perfis Facebook e investigam as ligações entre os seus colegas, o que os leva a questões aprofundadas sobre como é que as redes sociais se misturam num pequeno grupo de utilizadores privilegiados (Read 2004).

    Por seu lado, a incorporação de e-portfolios no Expository Writing Program na Universidade de Washington pode ser um outro exemplo positivo; nesta iniciativa os estudantes aprendem a reorientar as suas capacidades de rede social em criar portfolios on-line que demonstram e reflectem na obtenção de objectivos de aprendizagem fundamentais.

    Ao englobar os hábitos on-line dos estudantes da geração Net na rede de objectivos pedagógicos bem definidos, os educadores podem aproveitar as competências dos seus estudantes assegurando uma aprendizagem objectiva e resultados positivos.




    Conclusões


    Já que a gente jovem continuará a estar na frente da mudança tecnológica, os alunos da geração Net irão continuar a ter muito que ensinar aos pedagogos sobre a evolução da tecnologia. No entanto os educadores não devem abdicar dos seus papéis como autoridades dirigentes das experiências educativas dos seus estudantes. A nossa pesquisa revela a existência de uma ténue linha: Os pedagogos devem continuar a encontrar formas de tirar partido das habilidades que os estudantes desenvolvem fora das aulas sem cristalizar os hábitos de gratificação instantânea e pensamento irrelevante.

    Ser humano é aprender e aprendemos de bons professores. Russell Ackoff frequentemente apontou que o actual sistema educativo não ensina aos alunos como aprender. As actuais tecnologias digitais e informáticas permitem-nos resolver isto dando-nos as ferramentas para ensinar aos alunos da geração Net não apenas a aprender mas como aprender.





    Este artigo foi originalmente escrito por Kassandra Barnes, Raymond C. Marateo e Sharmila Pixy Ferris e inicialmente publicado em Inovate como: Teaching and Learning with the Net Generation. Innovate. O artigo é reproduzido aqui com permissão do editor, a Fischler School of Education and Human Services na Universidade do Sudeste de Nova.

    Sobre os autores

    Kassandra Barnes

    barnes_kassandra.jpg

    Kassandra Barnes tirou o seu Bacharelato em Sociologia com uma componente de Filosofia na Universidade da Transilvânia em Lexington, KY. Está a trabalhar no seu mestrado em Estudos da Informação na Universidade William Paterson, onde desempenha a função de assistente de pesquisa no departamento de comunicação. Os seus interesses de pesquisa centram-se em questões raciais da comunidade afro-americana, um assunto que inicialmente explorou numa tese em que discutia os estereótipos perpetuados pelo consumo de cultura hip-hop pela juventude branca.




    Raymond C. Marateo

    raymond_marateo.jpg

    Raymond C. Marateo é um estudante graduado em Estudos de Comunicação e Media na Universidade William Paterson em Nova Jérsia. Marateu graduou-se magna cum laude com uma licenciatura em Comunicação da mesma Universidade. Dedicou muito da sua pesquisa na comunicação por género e está de momento a iniciar um estudo sobre a influência dos géneros.




    Sharmila Pixy Ferris

    ferris_pixy.jpg

    Sharmila Pixy Ferris obteve o seu doutoramento na Universidade do Estado da Pensilvânia em 1995. É de momento professora no departamento de comunicação da Universidade William Paterson. A sua pesquisa trás um foco interdisciplinar ao estudo da comunicação mediada por computadores, onde estuda o género, pequenos grupos, oralidade e literacia e padrões de adopção.



    Créditos das Imagens

    Crianças na escola: Radull
    Criança e computador: Rob Marmion
    Estudantes com portátil e livros: Andrei Kiselev
    Criança com auriculares e computador: Marc Dietrich
    Grupo de Estudantes: Yuri Arcurs

    Kassandra Barnes, Raymond C. Marateo, Sharmila Pixy Ferris -
    Reference: Innovate [ leia mais ]
     
    Comentários dos leitores    
    blog comments powered by Disqus

     

     


     

    Feed RSS de Notícias Diárias

     

     

    Curated by

    Publisher MasterNewMedia.org - New media explorer - Communication designer

     

     


    Real Time Web Analytics