Quer ver as suas montagens em vídeo no grande ecrã? O The Basement Tapes é um documentário colaborativo sobre a mudança da face do copyright na era digital, criado pela sua audiência digital através da partilha de vídeos e remisturas, um script on-line em evolução potenciado pela tecnologia wiki e nova forma de montagens de multimédia emergentes.
As culturas das montagens e remisturas estão a definir a forma como interagimos com a multimédia. As audiências de hoje já não estão interessadas em sentar-se e consumir mass media aborrecidos e homogéneos, voltando-se, então para a cultura participativa, auxiliada pela nova espécie de aplicações Web sociais.
O The Basement Tapes é um excelente exemplo, encorajando a audiência a desempenhar um papel central na criação de um documentário em evolução ao remisturar áudio e vídeo na Web. Com uma comunidade on-line muito activa sedeada no OpenSourceCinema.org, o The Basement Tapes é um projecto dedicado à utilização da emergente cultura participativa para explorar as suas histórias e forma de pensar.
Planeado para ser um documentário co-produzido com o National Film Board of Canada, o filme tem a data de lançamento prevista no Documentary Channel e nos cinemas na Primavera de 2008 mas está fortemente enraizado na Web. Este não um exemplo de um documentário desprovido de conteúdo á procura de encontrar o seu lugar na Internet mas é, no entanto, um projecto inteiramente novo.
O sítio Web tem tanto filmagens em bruto que os utilizadores podem ver e descarregar e remisturas feitas pelos utilizadores destas filmagens para todos verem. Além disso, o The Basement Tapes tem um argumento aberto ás contribuições dos seus leitores, seguindo a forma de sucesso da Wikipédia e também um manifesto para esta nova forma de criação de filmes Web.
Com os ícones da cultura livre Lawrence Lessig e Jimmy Wales no grupo, além de músicos incluindo o grupo Ninja Tunes, conhecido como DJ Food e o inovador da musica electrónica Girl Talk, você pode ser um deles.
Aqui estão os detalhes:
Seja partilhando ou remisturando vídeos on-line, colaborando em projectos musicais e artísticos de diferentes partes do globo, ou entrando numa conversa global através dos seus blogues, a multidão da Web 2.0 estão a controlar a multimédia.
Enquanto que organizações como a Creative Commons tentam tornar a partilha, remistura e passagem de uma cultura participada numa realidade legal, existem ainda muitos interessados nos grandes média com a sua agenda pessoal.
Se ainda não tiver ouvido falar da RIAA e os seus infinitos processos contra avós, estudantes e crianças não informados que foram apanhados a descarregar mp3, pode ter encontrado a MPAA e a sua luta para livrar o mundo da pirataria de cinema.
As indústrias de da música e cinema estão a lutar uma que luta que alguns dizem ser perdida contra as mudanças de atitude em relação á propriedade intelectual, processando quem partilha ficheiros e quem infringe leis de copyright. E no processo, criticam os seus opositores, estão a esmagar o futuro da criatividade.
O The Basement Tapes está firmemente enraizado nos ideais de Lawrence Lessig, professor de Direito em Stanford e pai do movimento Creative Commons.
Neste primeiro excerto do arquivo público do The Basement Tapes, é-lhe dada uma apresentação a Lawrence Lessig, a Creative Commons e o trabalho produzido na cultura evolutiva da remistura de vídeos:
O The Basement Tapes não é o único em aceitar este novo paradigma cultural mas adiciona algo novo a uma crescente tradição de filmes e realizadores, levando uma aproximação Open Source ao processo criativo. Os dias do autor parecem estar a ser substituídos pelos filmes editados pela multidão.
Exemplos recentes de cinema direccionado para esta audiência incluem o The Echo Chamber, uma exposição documental sobre a administração Bush na sua direcção para a guerra no Iraque; o The Weblog Project de Robin Good, um filme Open Source criado e remisturado por e para bloggers; o Stray Cinema, que disponibilizou as suas filmagens através do sítio Web; o The Digital Tipping Point, um documentário Open Source sobre Open Source, cada um dos segmentos pode ser descarregado do Internet Archive para remistura; e um projecto Open Source em decurso, o A Swarm Of Angels.
Como esta crescente tendência demonstra, os criadores de filmes estão cada vez mais a questionar o modelo de Hollywood como sendo a única forma legítima de fazer filmes, com a sua arrogante forma de ver a criação e consumo de multimédia. O The Basement Tapes não é excepção, inserindo a audiência no meio da experiência.
Este é um bom exemplo da forma a seguir a função - um filme a explorar a evolutiva cultura participatória e as suas diferentes atitudes em relação á lei do copyright, fazendo uso da mesma cultura que trouxe esta mensagem à vida.
Então como o faz?
’’O Copyright é um Roubo!De cada vez que protegemos um trabalho através de copyright, estamos a roubá-lo ao Domínio Público. Estamos a negar aos outros a liberdade em partilhar as ideias às quais demos vida. Estamos a negar aos outros a liberdade de se basearem nas nossas ideias.
Sim, o Copyright é necessário em certos aspectos. Como incentivo para criar, para encorajar "o progresso da ciência e artes úteis". Mas quando é a vida do autor, mais 75 anos? Isso é um roubo da nossa herança colectiva."
Brett Gaylor, manifesto do Open Source Cinema
Assim começa o manifesto do Open Source Cinema, talvez o documento chave de algo que rapidamente evoluiu para um espaço de partilha de vídeo. A ideia é simples - o copyright pode ser necessário em certas formas, mas como se mantém agora, está a ir longe demais.
Era mais fácil respeitar a lei de copyright na era dos mass media pois as coisas ficaram muito mais difíceis em tempos recentes. A Informação digital é conceptualmente promíscua e as empresas que estão a ter sucesso na Web 2.0 são as que maximizam as oportunidades disponíveis para a partilha fácil e portabilidade da multimédia on-line. As audiências já não suportam a aproximação vedada - querem participar e partilhar os resultados livremente.
Logo que chega à página principal do OpenSourceCinema.org esta dimensão participatória e de livre partilha do projecto se torna evidente.
É imediatamente confrontado com uma oportunidade de criar ou consumir multimédia, registar-se e tomar parte numa comunidade de criação de filmes e a uma introdução bem apresentada acerca do que é este projecto. Nesta trailer do projecto pode ver se é algo da qual quer fazer parte logo desde o início.
Em pouco mais de três minutos, esta montagem sobre os problemas do filme acentua as suas ideias fundamentais de uma forma inventiva e acessível. Aqui temos um vídeo a fazer o que melhor sabe - ser directo e dar a mensagem com impacto. Veja por si próprio:
Se isso o atrair pode começar a:
Fiel ás suas raízes abertas da Web 2.0 o sítio Web do Open Source Cinema faz uso dos comentários dos utilizadores, mostra as últimas misturas, membros, comentários e filmagens numa barra lateral mesmo na página principal. Isto, acompanhado com o convite para se registar e fazer parte na comunidade activa de partilha de vídeo dá ao Open Source Cinema uma dimensão social que será a base para o seu sucesso ou fracasso.
Julgando pela imensa actividade dos utilizadores e pelo impressionante número de montagens, parece que esta comunidade já descolou. De facto, mesmo que não esteja interessado em participar activamente em remisturar elementos do filme, o Open Source Cinema é um excelente recurso para quem procura os desenvolvimentos mais recentes no género das montagens do vídeo Web.
Para além do sítio Web, o projecto Open Source Cinema tira vantagens do poder viral, com a presença do YouTube e MySpace a ser um esforço para chegar a mais potenciais audiências e contribuidores. Este é uma boa manobra que pode bem render em termos de centrar atenções e tráfego desses populares destinos de multimédia social.
O Open Source Cinema é um serviço totalmente grátis com uma grande vertente em multimédia underground, cultura Open Source e o processo de ter um filme feito colaborativamente. Acho que poderia ser muito mais e ultrapassar o projecto de filmes que era suposto promover e criar, pois está a tornar-se um destino para montagens que são mal servidas noutros sítios.
Para conseguir isto, o Open Source Cinema vai ter que limar umas arestas muito rugosas. Para começar, a pesquisa nos vídeos é pouco intuitiva, e ao juntar filmagens e remisturas em longas listas, não posso deixar de pensar que poderia ter sido melhor executado.
A outra coisa que me intriga é que um projecto dedicado à remistura de vídeos não faz uso de um serviço como o Jumpcut ou EyeSpot para servir e partilhar os vídeos. Enquanto que o Blip.TV é estabelecido e capaz de disponibilizar vídeo de boa qualidade, não tem nada na área de ferramentas de remistura e até dificulta a partilha e inclusão de vídeos. Para além disso, muitos dos vídeos enviados pelos utilizadores estão numa mistura de formatos Quicktime e Windows Media, nenhum dos quais tem a presença do Flash video.
Facilitando aos utilizadores a partilha dos vídeos apresentados no sítio Web e criar rapidamente as suas remisturas sem ter que descarregar e enviar os vídeos parece-me óbvio, mas pode ser que eu não esteja a ver algo.
O Open Source Cinema é um tudo-em-um:
Firmemente enraizado na multimédia emergente irrompendo em toda a Web e repensando a propriedade intelectual à luz da licença Creative Commons, o Open Source Cinema é um esforço para explorar estas ideias de dentro para fora.
Em vez de tentar discutir o copyright e a seu impacto com a cultura de remisturas de um estranho, o Open Source Cinema tenta usar a multimédia participatória para mostrar a história directamente da linha da frente. A ideia é simples - os utilizadores podem editar o argumento do filme, enviar filmagens e remisturar o trabalho de outros, o melhor dos quais será transmitido na televisão e exibido em cinemas.
Conforme a ideia de Open Source se expande do software para a produção cultural, estamos a ver projectos como o Open Source Cinema a mostrar e a permitir o trabalho da audiência, em vez de lhes dar um produto terminado e esperar que eles passivamente o consumam. O vídeo continua a crescer como o meio definitivo da nova Web e podemos esperar mais desta multimédia participada no futuro.
O Open Source Cinema é um dos projectos que mostra o caminho
Se quiser saber mais sobre o projecto Open Source Cinema e outros projectos que tocam na cultura Open Source no processo de criação de filmes, poderá querer visitar os seguintes links:
Escrito por Michael Pick para a Master New Media e publicado originalmente como: " Online Movie Mash-Ups And The New Wave Of Collaborative Digital Film-Making: The Basement Tapes"